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quarta-feira, 5 de março de 2014

"As Mitologias do Mérito" - Desfazendo os argumentos

Li faz pouco tempo um artigo de um senhor doutorado em "Economia da Felicidade" (conforme o próprio faz questão de sublinhar) de seu nome Gabriel Leite Mota no P3. Quem me conhece sabe que não posso concordar a 100% com tudo o que este senhor escreveu, iria contra as minhas convicções positivistas da capacidade humana. Sou uma optimista, ao contrário do senhor Gabriel Mota que julga que vivemos num país no qual quem nasce pobre e infeliz não pode sair dessa situação. Como diria Bill Gates, ninguém tem culpa de nascer pobre mas, aquele que morrer na pobreza, tem responsabilidade por isso.

Se por um lado, conforme refere Gabriel Mota, "as sociedades [...] capitalistas são o paraíso do mérito" nas quais "cada um tem que fazer o que o seu mérito permite que faça", não deixa de ser verdade que nas sociedades não capitalistas impera a ideia do do "Estado assistencial" no qual trabalhar não é uma obrigação e "o ser vadio" é cultivado pelas ajudas do tal Estado, ou seja, de todos aqueles que trabalham para sustentar aqueles que não o fazem.

Eu compreendo que os falhados não se dêem muito bem com a forma pragmática com que o capitalismo avalia as coisas. Se o senhor Gabriel Leite apelida de "ignorantes" todos os meritocratas eu também posso apelidar de "preguiçosos" todos aqueles que acham que o Estado os deve sustentar e subsidiar a vida toda. A noção de fatalidade não parece fazer parte do vocabulário deste senhor que se limita a "semear sonhos" totalmente impossíveis de atingir até porque, creio, existe uma "escada natural" de ascensão social bem presente no nosso quotidiano. Somos animais, convém que não esqueçamos e, numa sociedade competitiva como a nossa, é natural que os mais "fortes" pelas suas capacidades consigam chegar mais longe que os mais fracos. Tudo isto é Darwin "A Origem das Espécies".

Fracos e fortes existirão sempre, do mesmo modo, sempre existirão capazes e incapazes. O problema é que ninguém na nossa sociedade é capaz de admitir a sua fraqueza, a sua falta de inteligência e, por isso mesmo, agarra-se a filosofias de protecção dos "fracos e oprimidos" tentando, dessa forma justificar o próprio insucesso (presente ou passado) e frustrações.

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